Diário de escrita ou escrita diária - seis
Toda segunda uma pergunta ou exercício para você escrever no seu caderno
Na volta do voo de SP (eita que essa viagem tá rendendo textos) resolvi rever o filme “Alguém tem que ceder” porque era o que tinha na lista de filmes gratuitos da companhia aérea, e eu adoro esse filme. Ele ia ser bom pra me distrair e esquecer meu medo de voar. E deu certo. O filme é dirigido por Nancy Meyer umas das poucas mulheres que dirigia comédias românticas (por incrível que pareça) nos anos 90 e 2000. Ela e Nora Ephron (que a gente tá lendo no clube do livrar neste mês) foram umas das diretoras e roteristas desse gênero, ou seja, durante anos as histórias de amor eram contadas para nós mulheres por homens, com a perspectiva deles. Ou seja, jornada da mulher fraca e confusa não era contada por nós (ainda bem).
Ok, essa foi nossa pausa ativista, agora voltemos ao tema.
O filme com a Diane Keaton e o Jack Nicholson é de 2003, e na época já quebrou um pouco os padrões por trazer dois protagonistas por volta dos 60 anos numa comédia romântica. Eu acho esse filme genial e engraçado, com aquela dose feminista bem homeopática, mas que hoje em dia a gente tem de sobra.
Enquanto eu via o filme eu revi uma cena que eu tinha esquecido e que eu adoro. A personagem da Diane vê o personagem do Jack num restaurante com outra mulher. Ela vai embora, ele corre atrás e eles entram num embate na rua. Ela pega a mão dele. coloca no centro do peito dela, diz: “tá vendo isso aqui, Harry, isso aqui é um coração partido”. Não sei se é isso exatamente o que ela diz, mas é quase isso. É forte e bonito, e eu sempre amei essa cena. Achei e ainda acho de uma coragem fenomenal de uma mulher que não teve medo de sentir. É foda. Eu sempre faço um agradecimento interno para Nancy Meyers por ter feito isso acontecer no cinema.
Hoje eu levei um bolo (as pessoas ainda usam esse termo?), e fiquei assim com o coração meio partido, meio desanimado. Porque essa pessoa já fez isso antes e não é a primeira vez que isso acontece comigo esse ano. É chato quando alguém não te coloca como prioridade. É chato quando a pessoa não coloca intenção em você. Ou mesmo não esteja disposta a sentir o que a personagem da Diane Keaton sentiu. Parece que hoje em dia estamos todos protegidos e assim afastados do amor. Escolhemos não estar para não sentir. Mas, a decepção faz parte. E entender nossos limites também.
A Erica, personagem principal do filme, se joga, sofre, e transforma o coração partido em uma peça de teatro de sucesso. E sim, ela se permite viver aquilo e depois transforma em arte.
Eis que a gente chega na nossa pergunta da semana:
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